quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Dj Marlboro"As Primeiras Produções"

““Em 1988 fiz as primeiras letras e prouções do funk, e lancei o primeiro disco (ainda em vinil). Em 1989 disseram que era doido, que o funk nacional nunca daria certo, que eu estava perdendo meu tempo em produzir e lançar o primeiro disco de toda história do funk.
Em 1992, quando o funk nacional já estava se estabilizando, os mesmos que alguns anos atrás eram contra, aproveitaram essa nacionalização e criaram os festivais de galera, com várias etapas a serem cumpridas, inclusive a do rap que revelaria no futuro vários Mcs do funk. Eu disse na época que essa iniciativa poderia ser muito boa desde que houvesse justiça, igualdade e respeito entre as galeras, que os promotores não podiam deixar o baile ser dominado pelas galeras que vendessem mais ingressos, e sim pelas que tivessem o melhor comportamento dentro e fora das festas. Cheguei até dizer que os festivais de Galera poderia ser o início das escolas de funk do futuro, com suas apresentações recheadas de cores e alegrias, inclusive com seu próprio funk enredo, mas se não fossem tomados todos os cuidados o tiro sairia pela culatra. Me chamaram de maluco de novo e logo depois os festivais de galera viram o corredor da morte.
Em 1995 o corredor só acabou depois que foram identificados e punidos os principais promotores numa CPI do funk, realizada com uma investigação profunda pelo Ministério público ministrado pelo Dr. Homero Lira e investigação do inspetor Joao Batista. Até então eu era o doido que se negava a permitir o corredor em meus bailes.
Em 1996 os bailes fechados pelas autoridades indiscriminadamente empurram o funk pra dentro das favelas, quando então nascem os proibições. Antes era a favela cantando pro asfalto, levando alegria e uma nova visão da favela, com esse fechamento indiscriminado dos balés, ficou a favela cantando para as próprias favelas. Literalmente as autoridades entregaram o ouro ao bandido,então os Mcs começaram a cantar a realidade do que eles viviam, cantar o seu dia a dia, era uma música interna que as autoridades deveriam usar como fonte de informação para atender os anseios e necessidades da comunidade. Deveriam ser abalizadas pra que pudesse integrar melhor o asfalto à comunidade. Me chamaram de doido de novo quando expus minha visão na época,então o que fizeram? A juventude de classe média começou a glamourizar aquele grito de socorro que vinha de um realidade cruel como se fosse legal. Essa glamourizacao fez de novo com que começasse outra perseguição ao funk, criminalizando o estilo e seus Mcs. Nunca toquei qualquer música que incentivasse a criminalidade ou pornografia, porque tinha consciência, responsabilidades a visão de que se eu promovesse aquelas músicas estaria contribuindo na inversão de valores, estaria oficializando o que na verdade deveríamos estar lutando pra mudar, uma realidade nua e crua que não deveria ser calada ou “glamourizada” ,mais sim mudada. Me chamaram de doido de novo, e pior que pelos dois lados da ponte, asfalto por eu dizer que quem faz apologia é quem propaga, compra CDs proibidos piratas e anda de carro com som a todo volume, e favela por não tocar e divulgar, mesmo fazendo shows dentro das comunidades. Cheguei a ser ameaçado por não tocar dentro da favela os proibidões da época. Me chamaram de doido e dessa vez tinham razão, pois estava me colocando em risco por lutar contra o proibidão mesmo dentro da comunidade.
2011, numa convenção do funk no circo voador, as prévias Rio Parada funk, eu disse as seguintes palavras. atenção djs, Mcs, produtores e promotores do funk. Se vocês não se organizarem, se profissionalizarem, melhorarem a qualidade das músicas e qualidade das letras do funk, São Paulo vai dominar o mercado do funk nacional. Me apedrejaram, disseram que eu estava doido, que isso nunca aconteceria. Como eu sempre digo: Prepotência e arrogância cegam as pessoas. Essa matéria do super pop é só o início do que vem por aí, eu torço e desejo muita sorte pro funk do Brasil. E que ele tenha humildade, porque só assim terá longevidade.”
— dj marlboro

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